" Somos negros, brancos, mulatos, enfim uma mistura. E muitos julgam um ao outro por serem diferentes, não sei porque!
E o engraçado que quando estamos todos na pior somos iguais. No final vamos todos para o memso lugar."
Kariny Martins
Desigualdade começa na escola?
Do total de crianças negras entre sete a dez anos de idade, metade não freqüentava o nível de ensino esperado para a idade que tinham, seja porque estavam fora da escola, tinham sido reprovadas ou abandonaram os estudos por algum motivo. Entre as crianças brancas, 38% estavam nessa situação.
“Isso significa que o indicador entre as crianças negras melhorou mais rapidamente do na população branca” diz Paixão.
Mas, segundo ele, a taxa de adequação de crianças negras em 2006 era igual a de crianças brancas em 1995. “Os indicadores reduziram. Mas é necessário observar que estão muito aquém do ideal. Esses indicadores ainda vão continuar se qualquer esforço verificado nos últimos anos não for mantido ou aprimorado".
No ensino médio, em 2006, os indicadores mostram que 37,4% da população branca com idade entre 15 e 17 anos estudava série esperada. No caso dos jovens negros, o percentual passa era de 19,3%. “Isso significa que 80% dos jovens negros ou não estão estudando ou estão estudando em uma série inferior a que seria a idade esperada” observa paixão.
No nível superior...
Do total de negros que freqüentam o ensino superior frente a população que tem entre 18 e 24 anosde idade, apenas 12% estão na universidade”. Quando se considera a taxa líquida de escolaridade - referente à população que tem entre 18 e 24 anos que está na universidade frente a população total nessa faixa etária - observa-se que a taxa líquida no terceiro grau entre os brancos passa de 9,2% para 19,5% entre 1995 e 2006.
Em outras palavras, dentre os jovens brancos brasileiros, um em cada cinco estava na universidade ou na faculdade nesse período. "No caso dos negros, há uma mudança de 2% para 6,3%. Quer dizer que, dentre a população negra entre 18 e 24 anos de idade, 6% estavam na idade correta e freqüentavam uma universidade. Ou seja, metade da população negra que está na universidade já está acima dos 24 anos e reflete que a população jovem negra conhece a universidade e a faculdade de ouvir falar”.
Um grupo de bailarinos negros barrados no hotel?
Foi presenciada por todos uma cena de racismo e preconceito declarada. Os seguranças do hotel barraram os bailarinos negros e mulatos oriundos de favelas do Rio da Cia. Étnica de Dança e Teatro e disseram que eles só poderiam entrar pela lateral do edifício. A Cia foi convidada pela Petrobrás para fazer uma apresentação num seminário internacional que discutia petróleo.
A desculpa do diretor de operações do hotel, Emerson Fonseca, foi a de que este é o procedimento padrão adotado com qualquer prestador de serviço: "Nossos hóspedes entram pela porta da frente. Por medida de segurança, sempre que há um evento, como por exemplo um casamento ou um espetáculo, os contratados entram pela porta lateral. A Petrobrás não nos informou que eles eram convidados."
A coordenadora do grupo disse: Tentei diversas vezes explicar aos seguranças, em vão, que a companhia não era contratada pelo hotel, mas sim convidada da Petrobrás.“É muito grave. Somos um grupo com referência nacional que trabalha há dez anos na inclusão social e racial. Usamos a dança como ferramenta para atingir esse objetivo. Para esses jovens artistas, que já conhecem demais a discriminação, foi uma cena chocante. Eles choraram muito no camarim. Eu tive que desempenhar um papel de educadora, mostrar para eles como devemos enfrentar esse tipo de problema, sem nenhuma alteração, apenas utilizando argumentos — contou Carmem, que também é negra”
Em pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo para avaliar o índice de preconceito racial no País, chegou-se à conclusão de 74% da população é preconceituosa ou racista. E casos como este só servem para ilustrar esta dura realidade.A democracia burguesa promove a segregação racial e a superexploração da população negra. O problema do negro não é puramente econômico, mas histórico devido à total incapacidade de assimilação do negro por parte da classe dominante, desde sua escravidão, passando pela abolição, o negro foi completamente isolado na tentativa da classe dominante de apagar sua tradição e sua cultura da sociedade.
A imprensa burguesa em todos os veículos de comunicação dá ao negro uma imagem de submissão ao branco, de incapacitação. Isto esconde a verdadeira luta e resistência da população negra que representa cerca de metade da população brasileira e é consciente de que é discriminada e explorada.